A cidade de Recife, capital de Pernambuco, no Brasil, foi palco, neste mês, da celebração do centenário do educador Paulo Freire. No dia 19 de setembro, inclusive, dia em que o patrono da educação brasileira completaria 101 anos, foi realizada uma grande Plenária Popular Mundial de Educação, com participação de educadores de todo o mundo.
O secretário-geral da CPLP-SE (Confederação Sindical da Educação dos Países de Língua Portuguesa), José Augusto Cardoso, esteve presente nas atividades, que exaltaram o legado de Paulo Freire. O educador não só desenvolveu um método de educação crítico e inclusivo, mas foi preso na ditadura por ser considerado um subvertido, se exilou, deu aula por uma década na Universidade de Harvard e compartilhou suas pesquisas, livros, artigos e experiências com o mundo todo. Paulo Freire, aliás, é um dos autores mais citados em faculdades de ciências humanas no planeta.
A história de vida do educador e filósofo foi contada na homenagem, feita na Concha Acústica da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco), onde Freire realizou seus estudos. A celebração emocionou o público internacional.
“A CPLP-SE, desde 2020, integrou as atividades e grupos de trabalho das comemorações do Centenário de Paulo Freire. Estas comemorações foram significativas na consolidação e enraizamento do pensamento pedagógico de Paulo Freire, não só na América Latina, mas também na Europa e particularmente em África”, destaca o secretário-geral da CPLP-SE.
“Da figura e pensamento de Paulo Freire resulta uma maior afirmação e reforço do nosso referencial sindical assim como do nosso papel e identidade profissional e, consequentemente, uma acrescida responsabilidade político sindical na construção da profissionalidade educativa.”
Segundo ele, a CPLP-SE, procurando ser fiel ao pensamento de Paulo Freire, afirma que “MUDAR é sempre possível e necessário desde que tenhamos a ambição da mudança, desde que aprendamos a ler a história, a ler a construção social da realidade”.
“Sim, mudar é possível se entendermos a realidade como centro de possibilidades e não como um determinismo inamovível”, continua José Augusto Cardoso. “Como diria Paulo Freire, só participando, só contribuindo para uma reflexão eticamente séria e construtiva da profissão poderemos dar passos seguros para sociedades que se querem cada vez mais justas, democráticas, mais respeitadoras do diferente e mais solidárias.”
Entidades internacionais
Entidades que integram a CPLP-SE também estiveram presentes. O secretário-geral da Fenprof (Federação Nacional de Professores) de Portugal, Mário Nogueira, relatou que Paulo Freire é uma referência muito importante para educadores e professores em Portugal que defendem a escola pública democrática e de qualidade. Segundo ele, defender o legado de Paulo Freire é defender uma escola inclusiva, que respeita a diversidade e que tem espaço para o filho do rico, mas também os filhos da classe trabalhadora.
O Professor Antonio Mendes, do Sindicato Nacional dos Professores de Guiné-Bissau, disse que o país elegeu a obra de Paulo Freire como marco da educação, cooperação, solidariedade e fraternidade. Segundo ele, em 1964 foi lançado um programa de alfabetização inspirado no patrono e o que era dito é que os que sabem devem ensinar aos que não sabem para que homem fosse capaz de ser guiado pela sua própria vida.
Com informações da CNTE
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